Rehab - Quiet Riot




Os membros mais constantes nas últimas encarnações do Quiet Riot são o cantor Kevin Dubrow e o baterista Frankie Banali. Dubrow, membro desde o início da banda, quando ainda contava com Randy Rhoads na guitarra e Rudy Sarzo no baixo, antes de ambos seguirem para o grupo de Ozzy Osbourne. Banali se juntou a Dubrow para a fase que acabaria sendo a de maior sucesso, com o lançamento de “Metal Health” (1982), o primeiro álbum de heavy metal a chegar ao primeiro lugar do Billboard Music Chart. Nessa época, faziam parte da formação Carlos Cavazo (guitarra) e Sarzo (baixo), cujo último trabalho com o QR foi “Guilty Pleasures”, de 2001. Para substituí-los, chamaram dessa vez o guitarrista Neil Citron (mais conhecido pelo seu trabalho de estúdio como engenheiro de som) e o baixista Tony Franklin (ex-The Firm, Jimmy Page, Blue Murder, etc.). Ambos têm mais do que uma participação burocrática no disco, tendo contribuído bastante na composição e nos arranjos, e também aparecem com bastante destaque nas gravações em si. Na turnê que sucedeu o lançamento, entretanto, foram substituídos respectivamente por Alex Grossi e Chuck Wright, que já haviam feito parte do grupo em trabalhos anteriores.
“Free” abre o disco com um refrão pesado de guitarra e bateria idem. Dubrow mostra que sua voz está em boa forma, cantando com seu vocal rouco numa entonação agradável, sem esganiçar demais (erro que cometeu em alguns momentos do passado). O brilhante baixista Tony Franklin logo de cara mostra que não participou apenas como músico de estúdio, adicionando linhas criativas com seu baixo fretless.

Na primeira composição do time completo, “Blind Faith”, vê-se mais nitidamente as mudanças no estilo do grupo, bem mais maduro do que nos trabalhos anteriores. Destaque para Banali, que carrega a música nas costas. Fazendo uma analogia futebolística, ele é um daqueles volantes que marcam bem, mas também sabem sair jogando. Entretanto, as coisas melhoram mesmo em “South of Heaven”, no melhor estilão Led Zeppelin. A influência é clara, mas a boa notícia é que a banda incorporou o espírito zeppeliniano e acabou por gerar uma pérola de seu repertório. Aqui se nota que o grupo estava indo para um bom caminho, mais sério, e com boas chances de obter novamente sucesso, ao menos entre o público “classic rock” mais tradicional. A batera de Banali de fato lembra muito a de Bonham, a guitarra de Citron alterna momentos elétricos e acústicos no melhor estilo Page, e até mesmo os vocais de Dubrow lembram os de Plant. Não é de se estranhar que mais recentemente Frankie tenha gravado um CD em homenagem ao Zeppelin e em especial a John Bonham, seu ídolo.

“Black Reign”, uma composição de Dubrow, é uma das melhores do álbum. Riff de guitarra e refrão contagiantes, linhas de baixo inspiradas, numa música mais rápida, contrabalançando bem com a anterior e também com a seguinte, “Old Habits Die Hard”, outra numa linha que mescla o rock inglês do Led Zep com umas pitadas de música pop americana antiga (incluindo backing vocals femininos e órgão Hammond nos refrãos), pesada porém arrastada.

“Strange Daze” começa com um dedilhado lembrando “Fractured Mirror” de Ace Frehley, para em seguida emendar num refrão pesado. Essa, aliás, é uma das mais pesadas do disco, e interessantemente o refrão lembra os do Kiss (coincidentemente, em especial a pesada e arrastada “Strange Ways”, do disco “Hotter Than Hell”, de autoria do mesmo Frehley). Neil Citron tem a chance de tocar um par de excelentes solos de guitarra nessa faixa. “In Harms Way” mantém o nível elevado e basicamente o mesmo pique.

Uma das melhores vem a seguir, “Beggars And Thieves”, colaboração (assim como “South of Heaven”) de Dubrow com Michael Lardie, tecladista do Great White e do Night Ranger. O clima e o andamento são alterados lá pelos quase 5 minutos de música, com Banali adicionando um pouco de percussão, a guitarra numa levada mais blueseira, e um final instrumental perfeito para essa longa música (quase 7 minutos de duração), numa reviravolta impensável de ter ocorrido nos primeiros discos da banda. “Don’t Think” é outra mais devagar, porém pesada e com um clima sombrio. Já “It Sucks To Be You” tem uma levada mais The Who, com um refrão que no entanto lembra mais os grupos americanos à la Kiss e afins.

Um dos grandes momentos vem a seguir com “Evil Woman”, longo e bom cover da original do Spooky Tooth. São quase 9 minutos de música, com os vocais principais divididos entre Dubrow e Glenn Hughes, que por sinal também contribuiu na composição de 4 outras músicas deste disco. Citron tasca mais alguns ótimos solos, abusando do pedal wah-wah. Tanto nessa faixa como em outras há a presença de teclados, corretos porém marcantes, só que nos créditos (pelo menos da versão nacional) não há indicação de quem os tenha tocado.

O disco normal acaba aqui, mas tanto na versão européia quanto na brasileira há ainda uma bonus track, “Wired To The Moon”, que na realidade mantém o bom nível anterior.

É um tanto quanto curioso e irônico que justamente após gravar um bom disco como este, que poderia representar uma nova fase para o grupo, mais madura, Kevin Dubrow tenha morrido em decorrência de uma overdose de cocaína. Afinal, o disco se chama “Rehab” (reabilitação). De qualquer forma, pelo menos o grupo encerrou em definitivo as suas atividades em grande estilo.



Fonte: Rehab - Quiet Riot http://whiplash.net/materias/cds/075475-quietriot.html#ixzz2Ii3WAUJo
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Autor Hm Rock Reviews

Mayumi Correa Ohasi, nasceu em 10 de março de 1996 na cidade de Himeji-Japão. Começou faculdade de Designer Gráfico mas trancou no 2° semestre. Administradora do site Mayumi Ohasi e HM Rock Reviews.

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