Confesso que me parece uma situação um tanto quanto surreal estar eu, em pleno novo milênio, resenhando um disco do YARDBIRDS, e ainda por cima um trabalho inédito e recente, afinal seu último álbum foi o "Little Games", de 1967/68, portanto lá se vão looongas três décadas e meia (isto se não considerarmos o projeto "Box Of Frogs", que contava com boa parte dos antigos integrantes do grupo, e que registrou dois bons álbuns nos anos oitenta).
Para quem não sabe, nada menos que três guitarristas que entraram para a história passaram pela banda: Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page, sendo que este último, ao se ver só em 1968, após os demais integrantes decidirem abandonar o barco, rebatizou o grupo provisoriamente de THE NEW YARDBIRDS, tendo chamado três músicos para ocupar as vagas: Robert Plant, John Bonham e John Paul Jones. Pouco tempo depois, um certo Zeppelin de Chumbo tomaria de assalto o Rock...
Dos outros membros originais, sobraram apenas o baterista Jim McCarty e o guitarrista-base Chris Dreja, já que o baixista Paul Samwell-Smith está afastado da música e o vocalista Keith Relf faleceu tragicamente em 1976, estando McCarty e Dreja contando com o reforço de Gypie Mayo (ex-integrante da banda do DR. FEELGOOD) na guitarra, John Idan no vocal e baixo e Alan Glen na harmônica.
Para manter a tradição de contar com grandes guitarristas em suas fileiras, a banda optou por convocar alguns luminares do instrumento: Brian May (QUEEN), Steve Vai, Joe Satriani, Slash (GUNS N'ROSES), Jeff ‘Skunk’ Baxter (STEELY DAN, DOOBIE BROTHERS), Steve Lukather (TOTO) além do velho conhecido JEFF BECK, que participam deste disco, juntamente com o vocalista John Reznick (GOO GOO DOLLS).
Pois bem, aliado ao fato do CD trazer oito regravações e apenas sete composições novas, receava que o resultado final pudesse soar como uma caricatura do que representou a banda...
Não é que quebrei a cara? Claro que não há como comparar este novo trabalho com os do passado, mas se analisado como uma espécie de "tributo", diria que resultou em algo bem feito, com muita honra e dignidade, à altura do que o grupo merece.
Talvez o segredo da coisa seja o fato dos convidados especiais, apesar de imprimirem aqui e ali algum pequeno "toque pessoal", não causarem nenhuma interferência na sonoridade do álbum, que soa efetivamente como se o "velho" YARDBIRDS viajasse em uma máquina do tempo e registrasse algo nos dias atuais, bem produzido mas trazendo a química do passado.
Até mesmo as novas composições poderiam perfeitamente se encaixar nos discos antigos, principalmente "Crying Out For Love", "Please Don't Tell Me 'Bout The News" e "An Original Man (A Song For Keith)", esta última uma homenagem ao saudoso Keith Relf.
Mas, nada melhor para resumir o espírito do álbum que recorrer às palavras de Chris Dreja:
"Nosso desejo era criar novas composições e fazer algumas releituras com uma produção moderna, porém preservando a essência do som. Este trabalho foi feito com muito amor, e somos gratos a todos que nos ajudaram, nossos convidados, e principalmente Steve Vai" (este CD foi lançado originalmente pela gravadora do guitarrista, a Favored Nations).
Por último, minha humilde opinião: se você, prezado leitor, gosta do "velho" YARDBIRDS, vale à pena comprar este CD. Faça isto, a banda merece!
Fonte: Birdland - Yardbirds http://whiplash.net/materias/cds/003511-yardbirds.html#ixzz2IhxBr6cH
0 comentários :
Postar um comentário
Seu comentário foi postado com sucesso!